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Tétano em Equinos: Quais os seus impactos?
 

O tétano é considerado uma doença infecciosa, que acomete os animais domésticos  e seres humanos, e que ocorre pela ação das toxinas produzidas pelo Clostridium tetani, bactéria Gram-positiva presente mundialmente e encontrada no ambiente nas formas vegetativa ou esporulada. Sua alta taxa de letalidade e longo período de convalescência coloca o tétano com uma das principais doenças da medicina veterinária, sendo os equinos a espécie mais acometida, principalmente nos países em desenvolvimento cuja vacinação ainda não é um hábito difundido, especialmente entre os equinos de lida.

 

A contaminação ocorre quando a bactéria se instala em ferimentos, principalmente perfuro-cortantes e com baixa tensão de oxigênio, que favorecem a anaerobiose e proliferação do C. tetani, com consequente produção de toxinas. As principais toxinas produzidas são a tetanolisina, que é responsável pela necrose tecidual local e favorece a disseminação e multiplicação bacteriana, e a tetanospasmina, que atua no sistema nervoso.

 

A tetanospasmina se difunde no organismo pela corrente sanguínea, atingindo os neurônios periféricos e atuando na inibição da ação de neurotransmissores responsáveis pelo relaxamento muscular. Desta forma, a musculatura recebe apenas estímulos de contração e é possível observar rigidez e espasticidade. Existe também a produção de toxina não espasmogênica, que atua principalmente na hiperestimulação do sistema nervoso simpático.

 

As feridas e infecções mais propícias e comumente associadas ao tétano são infecções umbilicais nos potros, infecções uterinas, abscesso por aplicação de injeção, feridas puntiformes nos cascos ou na pele, e ferida resultantes de procedimentos cirúrgicos como extração dentária e castração. O período de incubação pode levar de 3 dias a 3 semanas, variando de acordo com o número de bactérias presentes,  quantidade de toxina produzida, toxicidade da cepa, quantia de toxina circulante e quantidade de toxina atuando no sistema nervoso.

 

O diagnóstico é realizado com base nos sinais clínicos evidentes, como espasticidade dos membros e rigidez muscular, rigidez de pescoço, dispnéia, orelhas eretas, cauda elevada, prolapso de terceira pálpebra, dificuldade de mastigação, espasmos tetânicos, febre e “postura de cavalete”, associados ao histórico de trauma ou qualquer outro manejo que possa ocasionar uma porta de entrada para o Clostridium tetani e situação vacinal desconhecida. Exames complementares como esfregaço com coloração de Gram, cultura anaeróbica de secreção da ferida, realização de PCR de secreção da ferida e pesquisa por anticorpos séricos ou toxina no soro também podem auxiliar no fechamento do quadro.

 

O prognóstico é sempre reservado, posto que estudos recentes mostram taxa de mortalidade ligada ao tétano entre 70 e 80%. Apesar de pouca significância estatística, estudos mostram que animais que evoluem para decúbito, sudorese e disfagia tem maiores chances de evoluir à óbito. Este quadro engloba principalmente os animais que tiveram demora no atendimento (mais de 5 dias). Animais submetidos à um atendimento veterinário rápido e diagnóstico precoce apresentam maiores chances.

 

O tratamento foca na eliminação da infecção pelo uso de antibióticos, manutenção do equilíbrio hidroeletrolítico e nutricional, administração de relaxantes musculares, e neutralização das toxinas tetânicas por meio da administração da Antitoxina Tetânica (TAT).

 

Considerando a taxa de mortalidade alta, sendo de até 80%, um controle profilático ideal através de imunização vacinal é o mais aconselhável e deve ser realizado nos criatórios e propriedades com equinos. Os animais vacinados que apresentam ferimentos devem receber reforço com soro antitetânico para estimular a resposta dos anticorpos. Além disso, o manejo adequado dos ferimentos acidentais nos equinos, como a higienização com soluções antissépticas apropriadas, auxilia evitando a proliferação de bactérias e um possível ambiente anaeróbico favorável para proliferação do Clostridium tetani.

 

A vacinação é a melhor forma para evitar que os equinos desenvolvam o tétano. A Ceva Saúde Animal tem no portfólio a vacina tríplice Tri-Equi®, que também protege os animais contra a encefalomielite viral equina e a influenza equina (tipos I e II). É importante lembrar que mesmo em animais vacinados há necessidade de uso do soro antitetânico em caso de feridas profundas e castrações.

 

Consulte o Médico Veterinário para a escolha do melhor protocolo.

 

Referências:

Radostits, O.M., Gay, C.C., Blood, D.C., Hinchcliff, K.W., McKenzie, R.A., 2010. Clínica Veterinária: um tratado de doenças dos bovinos, ovinos, suinos, caprinos e equinos. Guanabara Koogan, Rio de Janeiro.

RIBEIRO, Márcio G. et al. Tétano em equinos: um panorama de 70 casos. Pesq. Vet. Bras. [online]. 2018, vol.38, n.2, pp.285-293. ISSN 1678-5150.

Silva, A.A., Stelmann, U.J.P., Papa, J.P., Fonseca, E.F., Ignácio, F.S., Ferreira, J.C., Ribeiro Filho, J.D., 2010. Uso de antitoxina tetânica por via intratecal e endovenosa no tratamento de tétano acidental em equino: Relato de caso. Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária, 14, 1-11

Smith, M.O., 2006. Doenças do sistema nervoso, In: Smith, B.P. (Ed.), Tratado de medicina interna de grandes animais, Manole, São Paulo, pp. 995-996.

Thomassian, A., 2006. Enfermidades dos cavalos. Livraria Varela, São Paulo.

 

 

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