Síndrome Navicular

Síndrome Navicular
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Síndrome navicular: Uma revisão sobre a patologia


Descrita clinicamente pela primeira vez em 1752, a Síndrome do Navicular é uma patologia degenerativa crônica e progressiva que afeta o osso sesamóide distal (navicular), bursa navicular e os tendões flexores, comprometendo o aparato podotroclear dos equinos.
As alterações biomecânicas são uma das principais causas de perdas econômicas na equinocultura. Em razão das atividades de alto impacto que realizam, os equinos atletas estão especialmente sujeitos à incidência de patologias musculoesqueléticas, sendo a Síndrome Navicular uma das enfermidades que mais afetam estes animais.  


A Síndrome Navicular acomete preferencialmente os membros torácicos, embora alguns casos descritos indiquem que os membros pélvicos também possam ser afetados. As lesões da doença navicular causam alterações degenerativas na estrutura, composição e função mecânica da cartilagem, osso subcondral e tecidos moles do aparelho navicular. Os equinos afetados comumente apresentam claudicação lenta e progressiva nos membros torácicos. Sendo considerada uma das principais causas de claudicação crônica, a Síndrome Navicular afeta equinos com idade entre 3 e 8 anos e apresenta predisposição racial sendo as raças Quarto de Milha, Warmblood e Puro-Sangue Inglês as mais afetadas.  A predisposição hereditária da patologia está associada a conformação do osso navicular. Comumente o quadro clínico se deteriora progressivamente após os primeiros sintomas. (Dyson et al. 2006)


Aspectos de manejo também influenciam no desenvolvimento da patologia, desequilíbrio nos cascos, ferrageamento inadequado e exercícios em superfícies duras ou inapropriadas são alguns fatores que contribuem para o surgimento e agravamento do quadro.Os animais afetados apresentam sinais clínicos, causados pelo maior esforço na região navicular, como pinça longa, talões escorridos, perda de paralelismo entre a parede do casco e o talão e distribuição desigual de carga na região palmar.


Sinais Clínicos


Os equinos afetados pela doença navicular apresentam claudicação crônica progressiva, que nas fases iniciais da patologia poderá ser intermitente, com períodos curtos de melhora, especialmente após o repouso. A marcha ou trote desordenados e a claudicação também são sinais comuns nestes casos.
Por conta da pressão na área dolorida os animais impactam o solo primeiro com a pinça e depois com o talão, contrariando o aspecto fisiológico da pisada. Por conta disso, o passo poderá ser encurtado e haverá uma tendência a tropeços. Outra predisposição comum da patologia é a sensibilidade na ponta da sola, em casos graves o animal poderá forçar a caminhada sobre os talões, situação similar à observada na laminite.


Diagnóstico


O diagnóstico clínico da Síndrome Navicular é realizado por anamnese, análise da sintomatologia, e por exames clínicos e de imagem. A inspeção física do animal e a coleta do histórico são cruciais para identificar fatores predisponentes e fatores adaptativos do casco e da patela. É indicada a análise  da sola do casco, considerando aspectos como dor palmar, apresentação talão  escorrido e/ou contraído, ranilha atrofiada, distribuição desigual de carga, pinça mais comprida, menos área de contato com o solo, entre outros.
 

A palpação da pinça de casco também deve ser considerada. É fundamental realizar uma exploração sistêmica da área, geralmente os cavalos afetados apresentam sensibilidade positiva no terço palmar na ranilha, deve-se observar as regiões adjacentes mapeando toda a área do casco.
O exame dinâmico é indicado para avaliar o nível de claudicação apresentado pelo animal é necessário analisar simetria do passo, deslocamento da cabeça do cavalo, a flexão do tendão flexor  profundo com o navicular.


Além disso, exames de imagem, como radiografias e ressonância magnética são imprescindíveis para determinar quais estruturas estão envolvidas e a extensão dos danos causados pela patologia ao aparelho locomotor do animal. Para a obtenção de imagens de qualidade é necessária a realização da preparação adequada da área,  com a remoção de ferraduras, aparagem da sola e ranilha e lavagem da região dos sucos.  A radiografia é indicada para coleta de imagens das regiões dorsopalmar, latero-medial, palmaro-proximal-palmaro-distal. Já a ressonância magnética desempenha um papel fundamental para análise minuciosa dos cascos do cavalo, permitindo a visualização detalhada de todos os seus componentes, bem como das alterações que ocorrem na região.

A ultrassonografia é recomendada para visualização das estruturas dos tecidos moles do membro inferior, como o tendão flexor digital profundo ou o ligamento ímpar, que podem estar envolvidos com a claudicação. Em alguns casos, a realização da bursografia é indicada. Nesse procedimento, será realizada a injeção de corante na Bursa navicular para destacar a cartilagem e a borda da brusa do tendão flexor digital profundo nas imagens, permitindo a melhor visualização da área. Compreender que a síndrome não afeta apenas o osso navicular e sim toda a estrutura dos membros torácicos é indispensável para a indicação do tratamento adequado.


Tratamento


A síndrome navicular não tem cura, portanto o tratamento se baseia na manutenção do bem-estar animal. A terapia indicada dependerá do grau de severidade da manifestação clínica, atividade desempenhada pelo animal e conformação do casco. A abordagem para a patologia é multifacetada, podendo incluir repouso, uso de anti-inflamatórios, corticóides, drogas anticoagulantes e intervenções cirúrgicas. O uso de anti-inflamatórios não esteroides é comumente adotado para atuar na redução da inflamação e na analgesia dos animais. A Fenilbutazona,  cetoprofeno, meloxicam são as mais utilizadas para o tratamento da Síndrome Navicular. Essas drogas reduzem a dor e a inflamação por meio da inibição da enzima cicloxigenase e da subseqüente síntese de prostanóides .(Pleasant, et al.1997).
 
A aplicação de corticóides como a triancinolona e beta-metasona por via intra-brusal também é usual no tratamento da patologia visando estimular uma resposta anti -inflamatória na região. Em todos os casos, as medidas visam diminuir ou reduzir a degeneração progressiva e proporcionar analgesia para as dores do animal. Os bifosfonatos são outra opção medicamentosa para o tratamento da patologia. O medicamento inibe a lise óssea, retardando o processo degenerativo.  De acordo com pesquisas, os bifosfonatos atuam sobre as células precursoras de osteoclastos ligando-se a elas para bloquear a reabsorção óssea em excesso. Em equinos diagnosticados com a síndrome navicular, a atividade excessiva dos osteoclastos é casuística usual da dor crônica. O uso da terapêutica é indicado para lesões ósseas e mostrou sucesso no tratamento da claudicação, apresentando melhora no quadro clínico geral dos animais afetados pela patologia e resultando em aumento da qualidade de vida .

 

As patologias que afetam o aparelho locomotor dos equinos são responsáveis por uma série de perdas relacionados ao desempenho e bem-estar animal, acarretando também em prejuízos econômicos para os criadores associados aos gastos com tratamento e aposentadoria precoce, especialmente nos casos dos cavalos atletas. O diagnóstico proativo e o tratamento assertivo da patologia é fundamental para mitigar os impactos da síndrome navicular. Para oferecer ao mercado uma terapêutica completa para esta patologia, a Ceva Saúde Animal conta com uma série de soluções voltadas ao tratamento dos equinos, entre elas:
·         Equipalazone® (fenilbutazona), anti-inflamatório não-esteroidal com potente ação terapêutica no controle de inflamações agudas do sistema músculo-esquelético.
·         Ketofen® (cetoprofeno) anti-inflamatório não esteroidal, de dupla via (vias da Cicloxigenase e da Lipoxigenase do processo inflamatório).
·         Tildren® (bifosfonato) terapêutico indicado para o tratamento das claudicações (manqueiras) de evolução recente associadas a alterações ósseas e de cartilagem como observadas no Esparavão Ósseo e Síndrome do Navicular. O produto é o único bifosfonato testado em equinos de alta performance
 

Consulte o Médico Veterinário para a escolha do melhor protocolo.

 

Referências:


Dyson S, Murray R, Blunden T, Schramme “Current concepts of navicular disease” Equine Veterinary Education (2006)
STACEY O, KENNEDY L “Bisphosphonate use in horses”  The Hourse (2020)
J M Denoix , D Thibaud, B Riccio " Tiludronate as a New Therapeutic Agent in the Treatment of Navicular Disease: A Double-Blind Placebo-Controlled Clinical Trial" Equine Veterinary Journal (2003)
Rijkenhuizen ABM (2006) “Navicular disease: a review of what’s new” Equine Veterinary Journal
PLEASANT, R. S.; MOLL, D. H.; LEY, W. B.; LESSARD, P.; WARNICK, D. L. Intra-articular anaestesia of the distal interphalangeal joint alleviate lameness associated with the navicular bursa in horse. Veterinary Surgery, v. 26, p. 137-140, 1997.

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